(51) 3308-6040 fisicadosoloufrgs@gmail.com

domingo, 25 de outubro de 2015

Água no solo - Capilaridade



Á  água  é  um  dos  constituintes que  ocupparcialmente ou  totalmente o espaço poroso do  solo.  Para  a  ciências agrárias, a  água é  importante para  o desenvolvimento das plantas, além de determinar o momento ideal para o manejo e preparo do solo, bem como o sistema de irrigação adotado para cada tipo de solo.
O arranjo dos átomos de hidrogênio e oxigênio que constituem a molécula da água estabelece zonas positivas e negativas que resultam em propriedades intrínsecas e fundamentais, tais como:

1. Forças entre moléculas: propriedade importante para a retenção de água no solo, resultante das forças de adesão (entre corpos de natureza distintas) e coesã(entre corpos de mesma natureza)





2. Teno superficial: efeito físico que ocorre na interface líquido-gás, fazendo com que a superfície de um líquido venha a se comportar como uma membrana elástica, permitindo contração e oferecendo resistência.


3. Viscosidade: é uma característica e propriedade presente da interação entre moléculas de água a qual oferecer resistência ao movimento das moléculas nela presente.  Essa  propriedade  varia  em  função  da  concentração  do  soluto  e  da

temperatura do meio.


4. Capilaridade: fenômeno resultante da interação entre uma fina película de água que se adere à superfície dos poros no solo devido as forças de adesão/coesão, permitindo que à água seja redistribuída no solo por ascensão capilar. Essa característica varia em função da tensão superficial, densidade do líquido e diâmetro do  capilar, onde no  solo,  o  aumento dtamanho do  pordiminui a  altura da ascensão capilar.


0 Comentários

Consistência do Solo





O estudo da consistência do solo é a base para o entendimento do processo de compactação que ocorre nos solos agrícolas. Este assunto faz a ligação entre três assuntos da disciplina de Física do Solo desenvolvida na Faculdade de Agronomia da UFRGS: a estrutura do solo,  o estudo inicial sobre água no solo e a compactação do solo e seus efeitos no solo e nas plantas.
0 Comentários

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Agregação e Estrutura do Solo



Formação e estabilização de agregados no solo

Em condições naturais, na maioria dos solos, as partículas sólidas (areia, silte, argila e matéria orgânica) estão ligadas entre si, formando agregados. Com base no expostacima, agregado pode ser definido como sendo a união de duas ou mais partículas primárias sólidas cuja força de atração entre ambas é maior do que a força de atração entre as partículas no seu entorno. Neste sentido, a pesquisa científica voltada para esta área é vasta e foi sumarizada por Six et al. (2004).

A formação de agregados no solo pode ser descrita como uma função da floculação de argila, desidratação ou secagem do solo, efeito físico-mecânico de raízes, microrganismos do solo, união e ação de todos estes atuando conjuntamente em diferentes magnitudes. Braida et al. (2011) apresentam uma visão mais aprofundada sobre a formação e estabilização de agregados
no solo.

Para que haja formação de agregados no solo, faz-se necessário uma condição de floculação das partículas primárias. Para entendermos isso, precisamos entender a diferença entre os femenos de dispersão e floculação que ocorrem no meio em estudo, o solo

Ambos os femenos ocorrem por razões químicas, ou seja, pelo balanço eletrostático entre as partículas (balanço de cargas das diferentes superfícies de cada tipo de partícula), cuja teoria foi proposta por Dejarguin, Landau, Verwey e Overbeek (teoria DLVO). Essa teoria foi traduzida para a linguagem matemática e, atualmente o modelo matemático mais popular conhecido é o da Dupla Camada Difusa (DCD), abordado na disciplina de química do solo. De forma simplificada, a expansão e contração da DCD são regidas tanto pela concentração nica da solução do solo quanto pela vancia do(s) íon(s) presente(s) nesta solução. Assim, para uma mesma concentração de diferentes íons (K+, Ca+2, Mg+2, Al+3, Mg+2, Na+, entre outros) primeiramente have prefencia para os de maior valência.


A dispersão ocorre quando, devido à combinação de pequena concentração eletrolítica e/ou valência dos contra-íons, a energia de repulsão domina sobre a energia de atração. As partículas podem aproximar-se umas das outras devido a vários mecanismos de atração e ao movimento Browniano, mas a força de repulsão aumenta à medida que a distância entre partículas diminui. As partículas o possuem energia para superar a barreira energética que as separa, chamada de nimo primário, e se mantêm dispersas.

Por outro lado, a floculação é causada pelas forças de Van der Walls (forças fracas, de curto alcance) e ocorre quando há um aumento na concentração eletrolítica da solução e ou

predominam íons de maior vancia, ocorrendo um predomínio das forças de atração sobre as forças de repulsão. Estes ficarão mais fortemente retidos próximo às partículas, aproximando uma partícula da outra. Neste caso, have floculação das partículas, ou seja, pode ser o gatilhodo processo de agregação (atração de duas partículas mais fortemente que as demais que as circundam). Neste caso, a DCD é reduzida, e as partículas podem se aproximar e flocular

Outras forças atuam, tanto na dispersão como na floculação e são discutidas com mais propriedade  no  texto  Partículas  coloidais,  dispersão  e  agregação  eLatossolos   tópico Dispersão disponível junto com este material no xérox.

Além das forças eletrostáticas (químicas e físicas) que atuam inicialmente na união de partículas primárias, a desidratação ou secagem do solo tamm tem efeito sobre a formação de agregados. Estes femenos podem ser causados por evaporação da massa de água presente no solo (aquecimento do solo pelos raios solares incidindo direta ou indiretamente), por transpiração das plantas (absoão de água pelas raízes) ou por ação de ambos os fenômenos (processo chamado de evapotranspiração) e por percolação profunda da água. Estes fenômenos ocorrem durante toda a maior parte do tempo e causam a aproximação das partículas umas às outras, formando uma escie de cimentação a qual é descrita como um aumento da coesão do solo, fenômeno que  se discutido  mais adiante.  Essa aproximação entre partículas  causada pela secagem do solo auxilia na formação de agregados devido ao fato de aproximar as partículas umas às outras.

Esse efeito de aproximação entre as partículas causada pela secagemdo solo pela diminuição do conteúdo de água é potencializado quando ocorre por ação de raízes de plantas. Quando as plantas transpiram perdem água para a atmosfera e com isso gera um gradiente de potêncial  fazendo  com  que  as  raízes  absorvam  a  água  armazenadno  solo  e  questeja disponível. Essa água em movimento a a superfície das raízes está carregando íons diluídos em sua massa que podem ouo ser absorvidos pelas plantas. Não sendo absorvidos, auxiliam na cimentação entre partículas sólidas do solo (juntamente com a redução da umidade) remetendo novamente ao conceito da DCD anteriormente discutida. Além disso, as raízes das plantas durante o durante o seu crescimento (crescem nos espaços presente do solo menor resistência) liberam no seu entorno polissacadeos que atuam tanto na cimentação entre partículas, bem como é fonte de alimento para microrganismos do solo. Assim, as raízes atuam na formação de agregados de diferentes maneiras: desidratação do solo, pressão mecânica sobre as partículas de solo em função de seu crescimento, liberação de agentes cimentantes (polissacarídeos) e pelos radiculares que amarram microagregados já formados.

Os microrganismos presentes no solo se beneficiam dos exudatos liberados pelas raízes daplantapara  o  crescimento  da  população,  mas  tamdecompõeoutros  materiais orgânicos   presente n solo   qu sã fontes   d carbono Além   disso muito destes microrganismos  são  fungos.  Estes  fungos  podeauxiliar  na  formação  e  estabilização  de agregados em seu estado inicial de formação pela ação de estruturas chamadas hifas. Estas podem formar uma rede que envolve microagregados aumentando a estabilidade do agregado formado, mas também amarrando outros microagregados presentes no seu entorno, formando um agregado maior.

Além   do fungos,   outro organismo maiore tamm   atuam   par formaçã e estabilização de agregados, como é o caso das minhocas, as quais processam material orgânico juntamente  comaterial mineral liberado  como produto final coprólitos,  que tradicionalmente conhecemos por húmus. Este apresenta forte ligação entre partículas minerais e orgânicas que, além de poder ser considerado um microagregado, pode atuar como agente nucleador” de outros microagrados.  A  este  tipo  de  estrutura,  formadpor  partículas  orgânicas  (matéria  orgânica), cátion polivalente  minerais   (argila) chamamo d complexo organominerais   e   foi apresentada por Edwards & Bremner (1967). A união de dois ou mais complexos deste tipo constituiriam um microagregados.

Neste sentido, a influência da mineralogia na estabilidade de complexos organominerais tem papel importante, não diretamente pela quantidade de argila, mas sim pelo tipo de mineral presente na fração argila de um solo. Estudos desenvolvidos por Inda Junior et al. (2007) apontam que os minerais Goethita e Hematita (minerais eu conferem cores amarelas e vermelhas ao solo, respectivamente) apresentam uma importante contribuição na estabilidade de microagregados, assim como o teor de carbono orgânico no solo.

A interação singular ou em conjunto dos diferentes processos que iniciam a formação de agregados tamm atuam na formação de agregados maiores, os chamados macroagregados. No entanto, para chegar ao nível de macroagregado, um único fator isolado dificilmente conseguiria isso porque quanto maior o agregado, maior é o grau de complexidade entre as ligações, bem como maior é à força de ligação entre as partículas isoladas e entre microagregados.

Assim, a teoria de formação de agregados maiores (macroagregados) proposta por Tisdall
& Oades, 1982) os quais apontam que há uma hierarquia na formação de agregados do solo e que, macroagregados seriam formados a partir de microagregados, está muito intimamente ligada ao grau de interação entre os diferentes processos envolvidos na agregação do solo. Esta teoria é um expressivo avanço no entendimento de formação e estabilização de agregados (Figura 1).
De uma maneira geral, a formação dos microagregados está intimamente relacionada a processos físico-químicos, como floculação, adsorção, interação físico-química (atração eletrostática e troca de ligantes), tendo a matéria orgânica humificada (MOH) um dos principais agentes responsáveis pela sua estabilidade, juntamente com os minerais presentes na fração argila.


Figura 1. Esquema hierárquico de formação de agregados.

Na medida em que aumenta o grau de complexibilidade e ligação entre os diferentes agentes formadores de agregados no solo, o solo vai caminhando para ter agregados maiores, chamados macroagregados. Estes têm sua formação de natureza biológica e sua manutenção (estabilidade) depende muito da adão constante de fontes de carbono, ou seja, adão de resíduos vegetais para repor compostos orgânicos transitórios que são decompostos pelas populações microbianas. Assim, práticas de manejo que adicionam continuamente material orgânico ao solo, favorecem a formação e manutenção de agregados maiores e mais estáveis.

A manutenção de um bom estado de agregação do solo passa por algumas práticas fundamentais por parte de quem está manejando o solo. Estas práticas envolvem o menor revolvimento possível do solo (preferencialmente o não revolvimento do solo, como a adoção da semeadura direta e ou preparo mínimo); uso de rotação de culturas (diferentes culturas, sistemaradiculares, relações C:N (carbono:nitrogênio) da palhada, adões de palha, exploração do perfil do solo pelas raízes; redução no intervalo entre colheita e semeadura das novas cultura no campo; manutenção do solo coberto (menor perda de água, menor amplitude térmica diária, menor germinação de plantas indesejáveis) evita formação de selo1 e da crosta2 e, o tráfego de máquinas em condão de friabilidade3  do solo, evitando imprimir danos destrutivos a estrutura interna dsolo.

A análise do estado de agregação do solo pode ser realizada em laboratório por meio de separação mecânica em peneiras com diferentes diâmetros nominal da malha. Essa separação se dá por meio de agitação mecânica a seco ou em meio quido, contendo água. Ambas as metodologias e suas peculiaridades estão descritas de maneira a facilitar o entendimento pelo usrio em Klein (2008) intitulada Agregados do solo que acompanha esse material.


Estrutura do solo

Em condições naturais, na maioria dos solos, as partículas sólidas (areia, silte, argila e matéria orgânica) estão ligadas entre si, formando um agregado, como visto anteriormente. As forças que tendem a manter estas partículas ligadas entre si, dentro de um mesmo agregado, são mais intensas do que as forças de ligação entre os agregados adjacentes, definindo, assim, planos de fraqueza (ou clivagem) onde os agregados podem ser separados. O conjunto destes agregados forma a estrutura do solo. Agregados naturais individuais são denominados unidades estruturais.

Estrutura do solo pode ser definida como a condição física do material do solo expressa pela dimensão, forma e arranjo das partículas sólidas e poros a elas associadas e que podem ser separadas entre si por pontos de fraqueza.

A estrutura do solo é uma característica morfológica que varia de um sol para outro e tamm entre os horizontes de um mesmo solo, constituindo um critério usado para separação de horizontes do perfil do solo. Para a descrição da estrutura são levados em conta o grau ddesenvolvimento das unidades estruturais, a classe e o tipo de estrutura.

O grau expressa a intensidade das ligações dentro e entre os agregados e é determinado pela nitidez com a qual os agregados se apresentam no perfil e pela resistência que oferecem à desagregação quando são removidos e manipulados.

A classe refere-se ao tamanho dos agregados. O tipo refere-se à forma dos agregados. Os diferentes tipos de agregados que podem ocorrer no solo estão representados na Figura 2.


Figura 2. Tipo de estrutura, descrição e diagrama mostrando sua forma.

A descrição da estrutura é feita no campo, observando-se detalhadamente os agregados por ocasião de sua remoção do perfil. A anotação é feita na seguinte ordem: grau, classe e tipo. Por exemplo: fraca, dia, blocos subangulares.

Como observado na Figura 2, há diferentes tipo de estrutura do solo, cada uma desenvolvida em diferentes horizontes no solo. Mas o que podemos inferir com base na estrutura do solo sobre as propriedades de um solo condicionadas por cada tipo de estrutura?

As estruturas do tipo granular e grumosa se dispõem no horizonte A, ou seja, nos horizontes mais superficiais do solo. Este tipo de estrutura tem forte influência da ação de raízes das plantas, do tipo de manejo imposto ao solo, das variações do ambiente externo (temperatura, chuva,  etc).  Solos  ou  horizontes  coeste  tipo  de  estrutura  apresenta  boa  aeração,  bom movimento de água (macroporos), menor resistência das raízes ao crescimento e boa capacidade de armazenamento de água (microporos dentro de agregados).

Por outro lado, solo com estrutura laminar apresentam alguns problemas de ordem física, como maior densidade (partículas orientadas em maior grau de empacotamento), menor aeração, menor condutividade hidráulica (fluxo de água), maior restrição ao desenvolvimento de raízes de plantas, menor difusão de ar, etc. Este tipo de estrutura pode ocorrer tanto em condões naturais como ocasionadas por problemas de compactação adicional por tráfego de quinas e ou animais em condições de umidade do solo acima do estado de friabilidade.

As estruturas do tipo bloco, prismática e colunar são encontradas no horizonte B dos solos. Diferente dos tipos granular, grumosa e laminar, este tipo de estrutura é pouco ei nada afetado pelo manejo do solo. Logo, para estudos de gênese do solo, o tipo de estrutura encontrado no horizonte B é usado para diferenciar classes de solos, uma vez que sua formação é regida por condões físicas naturais do solo.

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------  1 Selo superficial: ocorre pelo colapso dos agregados do solo por ação de forças externas (pressão, impacto da gota de chuva diretamente sobre o agregado) quando úmidos formando uma camada de lama (orientação das partículas de areia, silte e argila), tipicamente de alguns milímetros, que obstruem os macroporos da camada superficial e assim inibe a infiltração de água e trocas gasosas entre o solo e a atmosfera externa.
2    Crosta: é a secagem (desidratação) da fina camada de solo formada pelo colapso dos agregados, chamada selo. Esta, mesmo formada por alguns milímetros, se torna extremamente resistente ao rompimento o que impede a emergência de sementes.
3  Condição de umidade do solo na qual um agregado de solo quando exposto a uma força externa se rompe em
frações menores. Nesta condão de umidade do solo é indicada a maioria das práticas e operações agrícolas, pois não ocorrem danos irreversíveis a estrutura do solo, bem como o solo apresenta a menor resistência ao rompimento por ão de um implemento, diminuído o gasto energético de preparo do mesmo.

Bibliografia

BRAIDA, J. A.; BAYER, C.; ALBUQUERQUE, J. A. & REICHERT, J. M. Matéria orgânica e seu efeito na física do solo. In: picos em Ciência do Solo, Vol. VII, 2011.
EDWARDS, A. P. & BREMNER, J. M. Microaggregates in soils. J. Soil Sci. 18:64-73, 1967.

INDA JUNIOR, A. V.; BAYER, C.; CONCEÃO, P. C.; BOENI, M.; SALTON, J. C. & TONIN, A. T. Variáveis relacionadas à estabilidade de complexos organo-minerais em solos tropicais   e subtropicais brasileiros. Ci. Rural, 37:1301-1307, 2007.
KLEIN, V. A. Física do solo. 2008.

SIX, J.; BUSSUYT, H.; DEGRYSE, S. & DENEF, K. A history of research on the link between (micro)aggregates, soil biota, and organic matter dynamics. Soil Tillage Res. 79:7-31, 2004. TISDALL, J. M. & OADES, J. M. Organic-matter and water-stable aggregates in soils, J. Soil Sci.
33:141-163, 1982.

0 Comentários